N.º de inventário: 8752.
Comp: 15,1 cm; larg: 11,3 cm; alt: 4,5 cm.
O povo português, trabalhador como poucos, muitas vezes foi capaz de encontrar formas de valorizar o seu desempenho, alcançando melhores resultados com esforços físicos menores. Não precisou de estudar Física nem de ouvir falar de Arquimedes, o grande cientista grego, o inventor da alavanca, para construir a sua própria, para fins diversificados: o ferro, barrana, alavanca ou ponteirola, bem como o assentador dos pedreiros para mover e colocar nos sítios desejados, quase sem esforço, grandes blocos ou pequenas pedras. Fazendo como viu fazer, manteve até quase aos nossos dias uma tradição de séculos, com base nos princípios científicos estudados por aquele grande homem de ciência.
No caso que hoje nos ocupa, queremos falar de uma alavanca muito particular, interpotente, por ter o fulcro ou ponto de apoio situado entre a potência e a resistência.
Trata-se de uma simples argola, forte, resistente, para poder, com a ajuda de uma corda, facilitar a forma de atar bem, com pouco esforço, o molho de erva, de palha, de lenha ou do que fosse que a mulher, às vezes o homem, haviam de transportar à cabeça, elas, ou às costas, eles, desde o campo até sua residência.
Havia-as de ferro, demasiado caras para a bolsa dos pobres, que as construíam de madeira de carvalho ou de castanheiro. Escolhida a planta que tivesse duas hastes próximas, davam-lhes um nó, por forma a fazerem uma pequena roda. Lá ficava, crescendo e engrossando, durante um período não inferior a dez anos. Volvido esse tempo, a roda era perfeita e o nó inserido na madeira, já não se distinguia. Faltava apenas separar a argola da planta mãe e cortar as duas pontas do que fora um nó. Uma perfeição. Para atar um molho não havia melhor do que aquela alavanca interpotente. Experimentem e verão.