Nº de inventário: 4842;
altura 2cm;
diâmetro 8cm
Antigamente, as meninas ricas ou de condição social mais elevada, nos nossos meios rurais, tinham uma vida diferente de todas as demais. Na volta do século XIX para o século XX, uma parte delas nem sequer ia à escola. Aprender a ler era coisa de homens, que saber ler também tinha seus inconvenientes: ter forma de ser independente para trocar correspondência com eventual namorado era “perigo” que convinha esconjurar logo à nascença. Daí que o seu tempo fosse quase completamente ocupado com os trabalhos caseiros que as haviam de transformar em meninas prendadas que qualquer homem de bem haveria de aspirar a ter por esposa.
Mestras na arte de cozinhar, especialistas na doçaria, completavam as suas mãos de fada com o bordado e a renda e, menos vezes, com a costura.
A peça rainha da sua utilização diária era o seu dedal; quase sempre de prata, oferecido pela mãe ou pela madrinha em dia de anos, era a armadura contra as investidas do fundo da agulha.
O chapelinho que este mês vos trazemos é um verdadeiro mimo confecionado em Passos de Silgueiros por menina prendada nascida em 1911. Feito com linha e agulha finíssimas, protegeu o dedal de prata da menina Tininha, uma bordadeira de grande sensibilidade e exímia executora. O enxoval que preparou para um casamento que, por sua vontade, nunca se realizou, prova, pela qualidade, variedade e quantidade das peças que ainda hoje preenchem o velho malão, que as principais preocupações das meninas casadoiras daquele tempo chegavam, com requinte, até aos mais pequenos pormenores.