Nº de inventário: 9783;
comprimento: 28,5 cm;
largura: 6,5 cm
Não sabemos ao certo a idade do linho; mas sabemos que há 5 mil anos já existia em Portugal como o provam descobertas de arqueólogos nacionais. A bíblia fala-nos também de linho utilizado nas vestimentas de Arão e na cortina do Tabernáculo. Também sabemos da sua importância no tempo do antigo Egito.
Na planta do linho, as fibras situadas dentro da casca são o elemento fundamental para a tecelagem. Desde a sementeira na primavera até à sua “arrinca” cerca de 100 dias depois, as plantas são exigentes em regas e cuidados de lavoura. E os trabalhos não ficam por aí. Também aqui poderíamos dizer que “para dar agasalho ao mundo, mil tormentos padeci”. Concluída a “arrinca”, seguem-se “mil” trabalhos especializados: ripar, macerar, secar, triturar ou maçar, espadelar, assedar, fazer as estrigas, fiar, ensarilhar, corar, dobar, encanelar e, finalmente, tecer.
E para terminar esta enorme sucessão de tarefas falta a complicada tecelagem no tear manual, maquineta complexa onde brilhava a verdadeira fada do lar que transformava fios e fios em finos tecidos para enxovais de meninas ricas, para bragal inteiro, para ricas toalhas de altar; mas também panos mais grossos de saias, camisas e calças de homem. E até dos restos, dos tomentos onde abundavam significativos pedaços da casca se faziam os sacos para o grão e as taleigas de ir ao moinho.
E as sementes? Tanto serviam para a garantia do ano seguinte como para fins medicinais, transformadas em papas de linhaça que haviam de responder a catarreiras e gripes difíceis.
A peça de hoje, a estriga, está pronta para ser fiada com a participação da roca e do fuso e da muita habilidade de quem faz este trabalho, sempre acompanhado dos mil beijinhos da saliva da fiandeira.