BOTÕES
Hoje em dia, é impensável imaginarmos uma peça de vestuário, qualquer que ela seja, sem lhe associarmos os botões. No entanto, sabia que o botão e estamos a falar de meados do século XIII, período em que começam a aparecer os primeiros fabricantes de botões na Europa, não teve a função que hoje lhe conhecemos?
Pois é, inicialmente, as roupas ajustavam-se ao corpo por meio de colchetes, fitas de nastro ou de outros materiais; os botões serviam de adorno e os materiais usados na sua feitura iam do simples tecido, linha, madeira ou osso à madrepérola, prata, ouro ou mesmo incrustados de pedras preciosas, entre uma infinidade de outros materiais.
De entre os muitos materiais usados no fabrico de botões destacou-se, nos finais do século XIX princípios do século XX, a jarina, vulgarmente designada de marfim vegetal. O nome advêm-lhe de uma determinada espécie de palmeira denominada “Jarina” existente no norte da América do Sul. De fácil trabalho deste material se fizeram variadíssimos botões que adornaram desde os trajos mais modestos do povo às melhores roupas do mundo.
Por volta dos séculos XV e XVI a indústria dos botões floresceu, em França. Para isso muito contribuiu a moda de então. Nos meios nobres, os gibões, os casacos, os calções, os vestidos e tantas outras peças usadas pelos elegantes da época, eram ornamentados com botões. Se atentarmos nas pinturas do século XVI e mesmo anteriores, verificamos que os trajos têm botões mas carecem de casas logo a sua função era, meramente, decorativa.
No século XVII, o botão começa a ser usado com a função que hoje lhe conhecemos. A adivinha
Qual é coisa, qual é ela
que mal entra em casa,
logo se põe à janela?
começa a fazer sentido.
Durante a Revolução Francesa a produção de botões atinge o seu apogeu, essencialmente devido ao fabrico dos botões de metal usados nos uniformes.
Entre a primeira e a segunda Guerras Mundiais, a indústria do botão que em França tinha sido uma das principais fontes de receita, atingindo, também, os primeiros lugares no mercado mundial, entra em declínio. Para isto contribui o aumento dos preços das matérias primas e a concorrência de outros países como a Alemanha, a Itália e o Japão. O negócio expande-se um pouco por todo o mundo.
Terminamos como começámos: hoje em dia, é impensável conceber uma peça de vestuário sem lhe associarmos os botões. E eles por aí andam. Simples ou trabalhados, com múltiplas formas e cores, de variados materiais,… a cumprir a sua função utilitária ou meramente decorativos.
Quem me dera ser colete,
Quem me dera ser botão,
Para andar agarradinho,
Junto ao teu coração.
Em jeito de curiosidade, saiba que o Museu de Passos de Silgueiros tem no seu acervo 150 mil botões dos materiais mais variados: madrepérola, cristal, osso, pedra, linha, jarina ou marfim vegetal, sem esquecer muitos outros.
Maria Odete Madeira
Passos de Silgueiros, Outubro de 2006