Foi em 1844 que, em Portugal, através da Reforma de Costa Cabral se proibiram os enterramentos nas igrejas. Sabemos como daí resultaram sérios desentendimentos entre as populações e importantes distúrbios mais ou menos generalizados, de entre os quais o mais grave ficou conhecido com o nome de revolta da Maria da Fonte. Porém, a lei manteve-se e, a pouco e pouco, foi sendo cumprida. Em algumas localidades foi preciso terem-se passado mais de cinquenta anos, mas em Silgueiros, o seu cumprimento foi relativamente breve. Em 1858 foram feitas as primeiras diligências para a sua construção e, em 28 de Fevereiro de 1859, foram arrematadas as respetivas obras. Faltava apenas a porta, a qual ficou no seu lugar em Junho de 1860.
Ou porque o seu tamanho tivesse sido mal calculado ou porque a mortalidade tivesse sido superior ao esperado, a verdade é que cerca de trinta anos depois, o cemitério encontrava-se completamente cheio, tornando-se urgente proceder ao seu alargamento ou à construção de um novo. Depois de estudado o assunto e de se terem gorado as hipóteses de ampliação e de construção próxima da igreja por não haver terrenos que pudessem ser aprovados para a função, por falta das caraterísticas exigidas pelos serviços de saúde, houve que recorrer a um novo terreno, à beira da estrada principal que dava todas as garantias e que fazia parte duma propriedade de pinhal pertencente aos herdeiros de Luís de Figueiredo Couto, do Loureiro de Baixo, sito à Salina ou Deladega, limite da povoação de Porrinheiro, desta freguesia.
Foi assim que, após um conjunto enorme de diligências, estudos e aprovações que muito atrasaram a sua construção, o novo cemitério, denominado cemitério ocidental para o distinguir do velho a quem passou a designar-se por oriental, foi adjudicado a 20 de Julho de 1902 ao empreiteiro Francisco Simões Falorca, de Tondela.
O seu custo final foi de 1982$850 réis.
Em face das dificuldades financeiras da Junta de Paróquia, foi decidido transferir para o novo a porta do cemitério oriental, dada a sua beleza e qualidade, substituindo-a por outra mais simples e menos cara.
No dia 12 de Junho de 1904, pelas três ou quatro da tarde, com toda a solenidade, depois de autorização do bispo da diocese, o abade de Silgueiros procedeu à bênção do novo cemitério da freguesia.
António Lopes Pires