Nº de inventário: 2706;
comprimento 49,5cm;
largura 62cm
O avental é uma das peças que nunca abandonavam a mulher do povo: para o trabalho, para a festa ou romaria, para a Missa, para o que fosse.
Feito no tear manual ou de pano comprado na feira ou na loja de aldeia, avental era peça comprida, campeira, útil nas mais diversas situações – escondia e protegia parte da saia, acudia aos filhos pequenos em momento de uma chuvada inesperada, limpava narizes ranhosos da criançada, transportava do campo as primeiras batatas arrancadas às escondidas para que a cobiça de ninguém pudesse invejar o batatal, escondia com algum pudor a arregaçada com que a senhora da casa grande pagava pequenos ou grandes serviços, guardava religiosamente no bolso uma côdea de pão que havia de enganar a fome na primeira oportunidade. Peça útil e, por isso, nunca dispensada era o avental.
Algumas meninas, porém, porque mais novas, porque desejando “armar” ao primeiro namorado, porque consideravam o avental como peça de adorno e não de trabalho ou utilitária, lá conseguiam que a mãe autorizasse a “feitoria” de um mais pequenino, mais enfeitado, mais ao jeito de quem quer um pouco dar nas vistas.
Acontecia, no entanto, que as mais velhas, as mais pobres, ou as mais invejosas não deixavam de criticar tal peça, assim como quem a usava porque, no seu entender, não prestava para nada, pois não tinha tamanho que lhe garantisse cumprir sua missão. E assim o povo, na sua sabedoria e imaginação, batizou este aventalzinho com o nome de “avental tapa crica”.