Aguilhão - Nº de inventário: 4672;
comprimento: 9,5 cm;
diâmetro: 3,5 cm;
Rela: Nº de inventário: 4543;
comprimento: 13,8 cm;
altura: 8 cm
O moinho tem uma longa vida que vem de há vários milhares de anos. Os mais antigos, chamados “moinhos de sangue”, por serem movidos pelo próprio homem, existem desde os tempos pré-históricos. Por animais eram movidas as atafonas da época romana. O aproveitamento da força da água foi a grande invenção, havendo registos da sua existência já por volta do ano 80 AC.
Os moinhos de água chegaram aos nossos dias. Com um rodízio horizontal constituído por 24 penas talhadas em freixo verde, ligado à mó andadeira pela massa e a vela, um fuste de madeira semelhante onde se prende o veio de ferro comprido que, unido à mó pela segurelha, lhe transmite o movimento circular que levará ao esmagamento do grão caído da moega e o transformará naquele pó fininho de que a dona da casa, qual sacerdotisa, depois de amassar e abençoar, há de cozer o pãozinho que alimentará toda a família.
Um problema importante no funcionamento do moinho e que desde a primeira hora foi necessário resolver era o de garantir que o rodízio e toda a pesada estrutura que o acompanhava no seu movimento circular pudesse rodar com facilidade, aproveitando ao máximo a força da água. Se fosse hoje, colocar-se-ia um bom rolamento metálico entre o rodízio e o seu suporte. Naquele tempo, porém, não os havia; mas o engenho pessoal e os materiais existentes resolveram a dificuldade: uma pedra de sílex ou quartzite aguçada numa das extremidades – o aguilhão - colocada no centro do rodízio, poisando numa cavidade de outra maior e do mesmo material – a rela - era a solução. Além de nunca enferrujarem vivendo na água, garantiam o atrito mínimo e a durabilidade indispensável ao bom funcionamento do aparelho. Note-se que ao aguilhão se associava a ideia de órgão masculino e à rela a de órgão feminino. Assim, associados e unidos desempenhavam uma função exemplar.