Maias
“Até meados do século XIX, houve em Portugal a festa das Maias introduzida nos nossos costumes pelos romanos. Em cada localidade e em cada rua das cidades, entronizada numa sala do rés-do-chão da casa escolhida apresentava-se uma rapariguita, de dez a doze anos, vestida de branco e toda coberta de joias, fitas de giestas: era a Maia. Em frente da casa estava um monstro enfeitado de murta e flores, à volta do qual o povo cantava e dançava, acompanhado por um instrumento ou filarmónica, consoante os recursos financeiros.
Costume engraçado e pitoresco, mas com um fundo de vaidade que despertava emulação; e daí houve disputas tão graves que as autoridades tiveram de proibir as festas das Maias, mas estas refugiadas nas casas dos humildes, não quiseram morrer.
Aparecem ainda, modestamente, sem festas nem galas, no 1.º de Maio, enfeitando as portas e as janelas, com ramos cujo amarelo doirado, consola a vista.
A cantiga “Maio Moço” apresentada neste cancioneiro, é Pan cantado pelos novos, folguedo ruidoso animado e trocista que raparigas e rapazes cantam em dança de roda, com os cabelos desfeitos e as faces rosadas até quase perderem o fôlego.”
Maria Adelaide da Silva Pereira,
Cancioneiro do Alto Douro (Barqueiros),
Junta Distrital de Vila Real, 1962.