Nº de inventário: 9071;
altura: 41cm;
largura: 84cm (com as mangas)
Liseuse é uma palavra francesa que, hoje, significa aparelho próprio para leitura de livros digitais, coisa que, neste nosso contexto, fica para além dos nossos propósitos.
Liseuse era, no passado, o nome de uma peça de vestuário feminino de grande delicadeza e até requinte. Usavam-na apenas senhoras de condição social mais elevada e apenas em circunstâncias especiais: para tomar refeições na cama servidas por criada de farda ou para receber visitas de amigas por ocasião de doenças que, ao tempo, ainda que simples, eram de longa duração. E, visitar os doentes, para além de obra de misericórdia, era obrigação de amigos. Recebê-los com dignidade era propósito de todos.
A peça que hoje apresentamos vem dos primeiros anos do século XX e pertenceu a moradora de uma aldeia do concelho de Viseu.
Feita de seda vermelha, com dois botões de cristal na cintura, foi decorada pela própria com largas e finas rendas de pontas nas mangas e no decote e de entremeio no restante do corpo. A parte mais nobre do enfeite é constituída pelas frioleiras, um requinte só de algumas. Trata-se de um conjunto de rosetas, rosáceas ou “estrelas” feitas de laçadas e nós. Esta delicadeza exige uma pequena peça para a sua confeção, também ela requintada – a navete.
Antiga, usada já no século XVIII, esta técnica parece ser originária das zonas piscatórias onde o trabalho das redes terá inspirado este delicado artesanato.