Nº de inventário: 4801
Comprimento: 29,5 cm
Largura: 29,5 cm
O lenço de assoar, uma pequena peça hoje absolutamente indispensável, tem uma longa história. E, curiosamente, durante séculos não serviu para assoar.
No tempo dos Gregos, tanto servia para assoar como de guardanapo. Os Romanos usaram- no para esconder o rosto, para proteção contra o sol, para defender a garganta contra constipações e rouquidão. Nos espetáculos romanos serviu para ser abanado em sinal de satisfação. As pessoas de condição social e comportamento requintado não se assoavam em público, porque o ruído caraterístico era tido como de muito mau gosto, tal como quaisquer outros ruídos corporais.
O pequeno lenço de bolso apareceu em meados do século XVI, na cidade de Veneza, usado pelas chamadas “damas da noite”. Passou à corte de França e daí a Espanha, com o nome de lenço de nariz. Passando ao teatro, no século XVII era obrigatório na mão dos atores de tragédias, para limpeza das lágrimas.
Em meados do século XIX espalhou-se, vinda de França, a moda do uso de um lenço na mão que as mulheres usavam para, deixando-o cair, darem a conhecer o seu interesse pelo homem que o deveria apanhar.
O lenço em Portugal só recentemente serviu para assoar o nariz. O nosso povo não se assoava a um lenço de quatro pontas, mas um de cinco que sempre trazia consigo: a sua mão. Serviu como lenço suareiro, como espécie de boina contra o sol, como bolsa para guardar dinheiro ou outros valores.
Oferecer um lenço ao namorado era costume das moças portuguesas: muito trabalhado no norte do país, mais singelo nas beiras e no resto de Portugal.
Nas classes sociais e económicas mais favorecidas, era de requinte a oferta por parte do noivo de um lenço de seda, rico e finíssimo, de fabrico industrial, que a noiva recebia com emoção — “o lenço de Vénus”, símbolo do seu amor. Servia como peça de adorno que a obsequiada exibia com orgulho. Chegaram até nós não muitas destas peças. O Museu de Silgueiros conserva quatro com mil cuidados