Nº de inventário: 10.360;
diâmetro: 1,9 cm;
comprimento: 32,2 cm
No passado, em muitas regiões do nosso país, a cultura do milho era a grande cultura. Não que dele se fazia a broa, o pãozinho de Nosso Senhor, o pãozinho que havia de alimentar bocas e bocas, para além das espigas assadas, do caldo de farinha, das papas, dos carolos e do mais que um pó de farinha propiciava.
O milho, como hoje o conhecemos, só nos chegou no século XVI, muito provavelmente entre 1515 e 1525, trazido pelos navegadores portugueses nas suas viagens pelo novo mundo.
O milho graúdo ou milho grosso (para se distinguir do miúdo e do painço, os até então existentes em Portugal) foi durante séculos a base da nossa alimentação. Os mil trabalhos da sua cultura ocuparam as nossas populações rurais durante o período relativamente curto de quatro a cinco meses que vão da sementeira à colheita.
Cortadas as plantas depois de maduras, era preciso retirar-lhes as espigas, trabalho leve, geralmente efetuado nas noites do fim do verão, com a ajuda de vizinhos e amigos. Os jovens, incentivados pelo milho rei que sempre aparecia e pelos abraços às raparigas que “autorizava”, não faltavam nunca. E que noites alegres eram as das desfolhadas...
Para este trabalho era obrigatório dispor de um “aguço”, de madeira dura, habitualmente de oliveira, para abrir a massaroca e sacar a espiga. Alguns destes “aguços” eram verdadeiras obras de arte, feitos por namorados apaixonados e habilidosos para as suas conversadas. A peça que hoje divulgamos é um belo exemplo de arte popular, feita a partir de uma única haste de madeira, pacientemente trabalhada com a navalhita que nunca faltava no bolso do beirão.