“As cantigas paralelísticas permitem-nos supor um esquema coreográfico assente numa dança circular com intervenções alternadas entre um corifeu e o grupo, dança que se insere no grande grupo das danças de roda de que a mais famosa e mais popular em toda a Europa medieval foi a carola. De resto, as danças de roda, aos pares ou em fila, são peculiares a todo o mundo ― a todos os povos, a todas as culturas. No mundo ocidental, é precisamente na Grécia que uma dança de roda aos pares (raparigas e rapazes), acompanhada ao som de flauta e pandeiro, designada choraules (a mesma raiz etimológica das palavras gregas chorus e choreia) que dá origem ao termo-bailatório carola. Como Gaston Paris notou, o termo francês arcaico caroler (derivado do grego carole e choraules) designava «acompanhar com flauta uma dança de roda» tal como o termo grego choraules designava igualmente, além da dança, «tocar flauta acompanhando um coro dançante». Uma das características da carola medieval é, pois, o ser ela uma dança de roda aos pares; Curt Sachs, contudo, defendeu o princípio de que a carola é, sobretudo, uma dança em grupo. Seja como for, danças em grupo e danças em roda-aos-pares são, ainda hoje, na sua grande maioria, as danças populares portuguesas.”
Tomaz Ribas,
Danças Populares Portuguesas,
Instituto de Cultura e Língua Portuguesa,
Lisboa, 1982.