Nº de inventário: 5131
Diâmetro: 6,82 cm
Altura: 13,5 cm
Naquele tempo, o povo da Beira vivia com muitas dificuldades. Uma boa parte das pessoas passava fome, sobretudo a maioria dos que trabalhavam a terra. Os salários eram muito baixos, só se trabalhava quando o tempo o permitia e, mesmo assim, não havia ocupação para todos. As famílias tinham muitos filhos e a alimentação de tantas bocas era um problema difícil de resolver.
Cedo as crianças se habituavam a fazer pela vida, criando hábitos que se mantinham pela vida fora.
No tempo da fruta – cerejas, pêssegos, melancias, melões, uvas... – a sobrevivência era mais fácil. Às vezes bastava saltar um pequeno muro e logo a mesa estava posta.
As melancias e os melões, bem como as uvas, tinham regras especiais, pois já se vendiam nas feiras, os primeiros, ou o seu destino era a produção do vinho, a maior riqueza dos agricultores, conjuntamente com o milho e o azeite.
Por isso, no tempo, alguns agricultores armavam guerra aos amigos do alheio. Esta espingarda é um bom exemplo de engenho e criatividade.
De carregar pela boca, usando sal ou feijão miúdo como “chumbo”, armava-se espetando na terra o espigão central colocando-se estrategicamente um cordão que corria paralelo ao chão à altura de dez a quinze centímetros. Um “pinchavelho” amarrado ao tal cordão, estava preparado para bater no fulminante, disparando a geringonça, quando acionado pelo “freguês” que, inadvertidamente, batia com os pés no cordão e disparava a “caçadeira”.
E dizem que o sal, furadas as calças e a pele produzia dores q. b. E o feijão miúdo não seria para melhor.
Que dizer desta imaginação?