Nº de inventário: 4108;
comprimento 18 cm;
largura 3,7 cm
A colher é uma peça indispensável na vida do povo português. Garfo, não, que, no dizer de alguns entendidos, só chegou a Portugal aí por meados do século XVIII. E então para a gente mais modesta só foi opção muito posteriormente. Feito de ferro pelos mesmos artesãos que forjavam as diversas alfaias agrícolas, o garfo foi um luxo nos meios rurais da primeira metade do século XX.
Quanto à colher, a sua história é muito mais longa. Feita dos mais diversos materiais desde a prata ao ferro ao alumínio e outros metais, no seu fabrico foi também utilizada a madeira, segundo as variedades mais comuns e apropriadas de cada região.
Para peça deste mês trazemos uma colher muito rara hoje, a colher de torga, uma planta existente nas regiões mais pobres das serranias do norte e centro do país. Trabalhada à mão por pastores e outros artesãos em tempos de descanso, esta planta cresce lentamente, levando anos e anos para que possa atingir tamanho bastante para o efeito. Além disso, esta madeira, com caraterísticas ótimas para a modelação e durabilidade, tem o inconveniente de rachar com facilidade depois de trabalhada, o que não a aconselha para o fabrico de colheres. O nosso povo, porém, sábio como sempre foi, encontrou a solução: se a torga, antes de trabalhada for bem cozida na panela da cozinha durante algumas horas, ganha qualidades que lhe garantem a capacidade de nunca rachar depois de transformada em colher, ainda que bastante fina, como é o caso da que hoje estamos a divulgar.