Nº de inventário: 6228;
comprimento 71cm;
largura 84cm (abertas)
As cuecas tanto no homem como na mulher são hoje peças de uso corrente. Mas nem sempre foi assim. Durante séculos e séculos, ninguém as usou. Em Portugal, ainda não há muitos anos que esta peça era completamente desprezada, por ricos e pobres. Os primeiros porque respeitavam os ditames da igreja e de uma tradição que vinha de longe; os segundos porque, sendo pobres, que ganhariam com a despesa de adquirir uma peça de vestuário a que não reconheciam qualquer importância por não ter nenhuma utilidade? Quem nunca viu por esse Portugal fora, sobretudo no país interior, as mulheres a urinarem de pé, com a maior naturalidade? E isto só era possível porque não usavam cuecas.
O uso desta peça chegou mesmo a ser proibido pela igreja, com toda a força que sempre exerceu sobre a sociedade, por se tratar daquilo a que chamou a peça da perdição. E tudo porque quem as usou pela primeira vez foram as prostitutas parisienses, nos finais do século XVIII. Assim sendo, senhora honrada, senhora digna, mãe de família em quem se depositava a maior consideração não poderia ter chegada ao seu corpo uma peça que trazia à lembrança comportamentos profundamente criticáveis. Por isso, e porque não lhe era reconhecida qualquer utilidade, cuecas não, ninguém as usava.
Todavia, sobretudo durante o inverno, por causa do frio, algumas senhoras de condição social mais elevada, eram “autorizadas” a usá-las. Mas, para responderem positivamente aos hábitos e costumeiras eram abertas de forma diversificada, mas sempre amplamente abertas para permitirem a satisfação de ambas as necessidades fisiológicas, quer de pé, quer sentadas no generalizado penico como nas fidalgas peniqueiras.